Milei criticou a China e o Brasil — dois dos parceiros comerciais mais importantes de seu país. Alguns meses atrás, inclusive, o presidente eleito comparou o governo chinês a um “assassino” e disse que a população do país “não era livre”.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Mao Ning disse que tem sido um bom momento para o desenvolvimento das relações bilaterais com a Argentina e que Milei cometeria um “erro grave” se decidisse cortar os laços do país com outras nações, como China e Brasil.
Diana Mondino, economista cotada para se tornar ministra das Relações Exteriores do governo de Milei, afirmou que a Argentina não se juntaria ao Brics, de acordo com a agência de notícias russa RIA Novosti .
O país está entre os seis convidados a se juntarem ao bloco, que é formado por Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul. Mondino, no entanto, disse que a Argentina “pararia de interagir” com os governos da China e do Brasil.
Questionada sobre as falas de Mondino, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que “os dois lados têm uma forte complementaridade econômica e um enorme potencial de cooperação”.
“A China está disposta a continuar a trabalhar em conjunto com a Argentina para promover a estabilidade e o desenvolvimento de longo prazo das relações bilaterais”, afirmou.
As declarações de Milei vão ao contrário do caminho que era seguido por Alberto Fernández, que está deixando a presidência do país. No mês passado, o agora ex-mandatário saudou a China como um “verdadeiro amigo” da Argentina ao visitar Pequim.
Cerimônia de posse de Javier Milei será neste domingo (10), em Buenos Aires.
A cerimônia de posse do novo presidente eleito na Argentina, Javier Milei , será neste domingo (10). O evento acontecerá em Buenos Aires e deve receber diversos líderes mundiais.
Até o momento, seis chefes de estado confirmaram a presença no evento em que Alberto Fernández passará o bastão para Javier Milei:
Luis Lacalle Pou (Uruguai);
Santiago Peña (Paraguai);
Daniel Noboa (Equador);
Gabriel Boric (Chile);
Viktor Orban (Hungria);
Rei Felipe VI (Espanha);
Renato Florentino Pineda (Honduras);
Volodymyr Zelensky (Ucrânia).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o convite no dia 26 de novembro, mas designou o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, para representá-lo na cerimônia.
Sem cargo público, Bolsonaro deve ter tratamento de Chefe de Estado
Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, também foi convidado e comparecerá ao evento. O antecessor de Lula, inclusive, já está no país vizinho e postou ao lado do novo presidente argentino.
Bolsonaro está na Argentina a convite de Milei e, mesmo sem cargo público, o ex-presidente deve receber tratamento de Chefe de Estado.
No vídeo divulgado no perfil de Jair Bolsonaro no X (antigo Twitter), aparecem também o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, e o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto.
Na comissão argentina, além de Javier Milei, estão Patricia Bullrich – que também disputou as eleições no país e terminou em terceiro lugar –, agora como a nova ministra da Segurança, e Giovanni Larosa, assessor de campanha do argentino.
Bolsonaro também concedeu uma entrevista a uma rádio local argentina, na manhã desta sexta, na qual voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas, além de tecer um elogio ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro , ao citar o plebiscito do último domingo (3) sobre a anexação de Essequibo , território em disputa com a Guiana.
“Nem na Venezuela se tem o voto eletrônico”, disse. “Nesse referendo agora de Essequibo, que é um assunto bastante polêmico, o Maduro deu uma lição de moral no Brasil falando: olha, aqui a eleição é na máquina, mas não é como em outros países, aqui tem o papel também”, destacou Bolsonaro. “Até que enfim o Maduro acertou uma; acertou uma que é o voto no papel”.