Pesquisa do Instituto Natura aponta que estudantes de ensino médio integral apresentaram participação 16,5% maior no ENEM em comparação aos de tempo parcial
Estudantes do EMI também possuem melhores chances de ingresso no Ensino Superior e mercado de trabalho

O estudo "Efeitos do ensino médio em tempo integral sobre os indicadores educacionais dos alunos", realizado pelos pesquisadores Naercio Menezes Filho e Luciano Salomão, em uma parceria com o Instituto Natura, revelou dados significativos sobre os benefícios do Ensino Médio Integral (EMI) na trajetória educacional e profissional dos jovens brasileiros. A pesquisa¹ destacou a partir de uma amostra de 1.056.554 estudantes que ingressaram no ensino médio em 2017, os que estiveram no EMI (14.344) apresentaram uma participação 16,5% maior no ENEM de 2019 em comparação aos colegas de escolas de tempo parcial. Eles também obtiveram notas superiores em todas as áreas do exame, com destaque para a redação, onde conquistaram até 29 pontos a mais.
Considerando o recorte racial, estudantes pretos, pardos e indígenas obtiveram um impacto ainda mais significativo, com um aumento de até 32 pontos na Redação, em comparação a 20 pontos para estudantes brancos e amarelos.
“Esse é mais um estudo que demonstra que o Ensino Médio Integral pode dar uma contribuição importante para a promoção da inclusão educacional e da mobilidade social, especialmente entre as populações mais vulneráveis.”, explica David Saad, diretor-presidente do Instituto Natura para a América Latina.
No que se refere ao ingresso no Ensino Superior, a partir da mesma amostra de 1.056.554 estudantes, os alunos nas escolas EMI apresentaram uma taxa de ingresso 5,8% maior em 2022, reforçando o papel dessa modalidade na promoção de oportunidades acadêmicas e, consequentemente, socioeconômicas. Já em outro estudo, Efeitos do Ensino Médio em Tempo Integral sobre o Emprego Formal, as Matrículas no Ensino Superior e Técnico nos Municípios, realizado com a mesma dupla de pesquisadores, verificou que um aumento de 10% nas matrículas no EMI com ensino técnico concomitante, há um incremento de 8,4% nas matrículas no Ensino Superior.
A estudante universitária Karoliny Ferreira dos Santos, 21, de Vila Velha (ES), vive hoje seu projeto de vida após passar pelo Ensino Médio Integral. “O EMI me mostrou que era possível, me ensinando além das matérias de base, sobre como ser a responsável pelo meu futuro, me acolhendo e acreditando em mim. Mudou minha percepção de vida e estudos. Tive professores excelentes, sempre à disposição e com feedbacks em relação ao Enem. Mesmo durante a pandemia, o ensino seguiu o padrão de qualidade, com inúmeras revisões e aulões para nos preparar. Por consequência, tive um excelente desempenho no Exame e, devido à nota, estou no 3º período de Fisioterapia pela Faculdade Novo Milênio com bolsa integral que era meu desejo, pelo Programa Nossa Bolsa aqui do estado. Também consegui outros incentivos estudantis como Embaixador Multivix, bolsa na UniSales e Prouni em Gestão Financeira na Universidade Vila Velha”, conta Karoliny.
Neste mesmo estudo há resultados perante o acesso ao mercado de trabalho. A vantagem do Ensino Médio Integral é evidente: um aumento de 10% nas matrículas de EMI no município gera, em média, um aumento de 3% nos empregos no setor formal da economia deste município, com impacto racial relevante: para estudantes pretos, pardos e indígenas, o efeito na geração de empregos é três vezes maior (4,5%) em comparação aos estudantes brancos e amarelos (1,5%). Em estados como o Ceará, o impacto da ampliação de matrículas EMI é ainda mais elevado, com uma expansão de até 9,8% nas admissões formais.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado pelo Inep, mostrou que historicamente as escolas de ensino médio integral apresentaram performance superior às de tempo regular. Em 2023, as escolas integrais tiveram nota 4,4 comparado a 4,1 das escolas regulares. O desempenho fica mais evidente quando observado o aprendizado em Matemática. Tendo como base pesquisas em educação, que avaliam quanto um estudante típico aprende em cada uma das etapas, os estudantes do ensino médio de escolas integrais aprenderam o equivalente a um ano a mais em comparação com os colegas de escolas de tempo parcial. Ao todo, de acordo com estimativas do Censo Escolar 2023, para a rede estadual, o Brasil conta com 18,1% de matrículas e 32,2% de escolas de Ensino Médio Integral.²
Sobre o Instituto Natura
Criado em 2010, o Instituto Natura almeja transformar a educação pública, garantindo uma aprendizagem de qualidade para todas as crianças e jovens nos seis países da América Latina em que está presente (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru). Também como forma de atuação, se dedica ao desenvolvimento educacional das Consultoras de Beleza Natura e Avon e trabalha em conjunto com inúmeros parceiros no poder público, no terceiro setor e na sociedade civil. Desde 2024, por meio da incorporação do Instituto Avon, passou a atuar na defesa dos direitos fundamentais das mulheres, promovendo iniciativas voltadas à atenção ao câncer de mama e ao enfrentamento das violências contra as meninas e mulheres. Através de ações próprias e de parcerias com instituições da sociedade civil, setor privado e poder público, a entidade se concentra na produção de conhecimento e no desenvolvimento de iniciativas que mobilizem todos os setores da sociedade para o avanço das causas, usando os recursos aprendidos e desenvolvidos durante os mais de 20 anos de atuação nas causas da mulher.
¹Fontes: Censo Escolar, Censo do Ensino Superior, microdados do ENEM e base de CPF do Sedap
²Não estão inclusas as turmas exclusivas de Educação para Jovens e Adultos e Ensino Médio Normal/ Magistério. Para as Escolas Integrais foram considerados os mesmos critérios de seleção, mas com o requisito adicional da unidade manter ao menos uma turma do Ensino Médio com duração superior a 420 minutos diários sem considerar atividades complementares, de acordo com o Censo Escolar (INEP).
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