Política Nacional

Especialistas defendem inclusão do agronegócio na regulamentação do mercado de carbono

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Especialistas em meio ambiente defenderam nesta segunda-feira (20) a precificação do carbono como ferramenta de controle de mudanças climáticas, mas fizeram críticas à exclusão do agronegócio do regulamento sobre mercado de carbono no País. Eles foram ouvidos pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.

Durante o debate, os convidados defenderam incentivos ao comércio de carbono, como os previstos no Projeto de Lei 2148/15. Mas criticaram o PL 412/22, do Senado Federal, que trata do mercado regulado de carbono.

Uma das críticas ao texto é a exclusão do agronegócio das obrigações previstas no Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).  Aprovada pelo Senado Federal, a matéria está em análise na Câmara.

Na visão do diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Guimarães, o projeto de lei falha ao excluir o agronegócio e os projetos de Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) do mercado de carbono regulado. “O agro, na minha opinião, poderia estar se beneficiando desses mercados de carbono e oferecendo créditos. Ao ficar de fora dessa discussão do mercado regulado, o setor e o País perdem uma oportunidade”, disse.

Guimarães explicou que um dos interesses do agronegócio está vinculado à preservação da vegetação no solo. “Essa agricultura em grande parte não é irrigada, depende de ciclos hídricos naturais que são estabilizados e estabelecidos por florestas. Portanto, manter floresta no Brasil tem dois ganhos diretos: o primeiro é contribuir para mitigar as mudanças climáticas e o segundo é estabilizar o clima local atendendo a demandas da agricultura”, ressaltou.

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O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Tocantins, Marcelo de Lima Lelis, também destacou a necessidade de incluir o agronegócio nas negociações. “Não tem como não chamar para mesa o agro. Grande parte das áreas que queremos preservar está em áreas privadas do agro, então parte dos recursos serão pactuados também com o setor produtivo para enfrentamento do desmatamento ilegal e legal”, disse.

Mercado voluntário
O representante do Ministério do Meio Ambiente, Aloísio Lopes, ponderou que a economia de baixo carbono no País não deve ser regulada de forma excessiva, sobretudo no mercado voluntário, que viabiliza investimentos em soluções ambientais por diversos setores da sociedade.

“Não queremos e nem precisamos regular tudo o que ocorre no mercado voluntário. Há transação de voluntário para voluntário que deve ocorrer tendo a natureza jurídica do ativo bem definida, com o tratamento tributário e contábil bem definido, que não passam pelo sistema regulado”, disse.

Ainda assim, ele observou que a venda de créditos entre países deve passar por regulação, uma vez que é necessário respeitar o Acordo de Paris (2015). Lopes apontou alguns pontos críticos para a regulamentação do mercado voluntário, como a necessidade de controlar o risco de permanência, para evitar que a área responsável pela emissão de créditos hoje seja desmatada no futuro.

Escala
Para o procurador do Meio Ambiente do Acre, Rodrigo Fernandes das Neves, é importante que a regulamentação do mercado de carbono garanta a continuidade das políticas de mitigação de GEE realizadas pelos estados. “Na politica nacional de redução de desmatamento, um conjunto de estados contribuindo para a redução do desmatamento traz um ganho de escala que só os projetos privados não têm”, disse.

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Segundo Neves, a grande parte das transações de créditos de CO2 na Amazônia ocorre por meio do mercado voluntário. Ele enfatiza a mudança do uso da terra como forma de enfrentar o desmatamento responsável por até 80% das emissões na área. “A existência de um sistema estadual não impede os projetos privados, mas a jurisdição tem uma escala que realmente vai fazer diferença quando a gente considera os nove estados da Amazônia”, destacou.

Nesse ponto, o executivo da Verra, uma operadora norte-americana de créditos de carbono, Bruno Brazil de Souza, ressaltou a importância da iniciativa privada no mercado voluntário de CO2. “Nos últimos 5 anos de desmatamento, as emissões reduzidas por projetos de REDD por efeito da iniciativa privada representou uma redução de desmatamento anual que variou de 76 a 300 km2, o equivalente a 3% do desmatamento no nível nacional”, informou.

Instrumento
A deputada Socorro Neri (PP-AC), que solicitou a audiência, disse que o tema ainda precisa ser aprofundado na Casa. “Esse debate precisa continuar e ser cada vez mais aprofundado de modo a termos uma legislação que dê conta de olhar para o mercado de carbono como um grande instrumento de mitigação das mudanças climáticas”, disse.

A parlamentar citou dados de 2023 da Iniciativa Brasileira para o Mercado Voluntário de Carbono, pelos quais o País tem o potencial de gerar de 1,2 a 1,9 gigatoneladas de CO2 de créditos por ano, o que corresponde à geração de US$ 16 bilhões a US$ 26 bilhões ao ano.

Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Francisco Brandão

Fonte: Câmara dos Deputados

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Política Nacional

Lula faz balanço de governo e aconselha PT para eleição de 2024

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta sexta-feira (8), em Brasília, da abertura da Conferência Eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT), evento que debate as estratégias da legenda para as eleições municipais do ano que vem, quando serão definidos os prefeitos e vereadores de mais de 5,5 mil municípios do país.

Cerca de 2,5 mil militantes, dirigentes partidários e políticos compareceram ao auditório de um centro de convenções, incluindo ministros do governo, governadores, a primeira-dama Janja Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). 

Em discurso que durou cerca de 50 minutos, Lula disse que os resultados das ações do governo ainda vão aparecer e projetou que, no ano que vem, a disputa eleitoral deverá repetir uma polarização ideológica similar a que ocorreu nas eleições de 2022.

“90% das coisas que anunciamos ainda não brotaram”, disse Lula, ao destacar que é preciso que as pessoas continuem cobrando e pedindo mais. “Agora, a economia vai crescer no mínimo 3%. Os empregos, nós vamos chegar a 2 milhões. É muito? Não, é pouco. Eu quero mais. E vocês têm que querer mais. Nunca se contentem com o que a gente faz. Peçam mais. Quanto mais reivindicação, mais a gente tem coragem e motivação de fazer as coisas”, completou.

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Polarização

Sobre as eleições municipais em 2024, Lula afirmou que a polarização deverá voltar e ser encarada sem medo, de forma competitiva. “A gente vai ter que mostrar que nós queremos exercitar a democracia, vamos fazer as eleições mais competitivas possíveis, mas a gente não vai ter medo de ninguém.”

O presidente fez uma defesa enfática da democracia, ao citar os últimos quatro anos e as ameaças de ruptura democrática. “A democracia é um valor fundamental, não é uma coisa qualquer. Aprendemos a amar o que é democracia, que é viver democraticamente na adversidade conviver com os diferentes, aprender a respeitar, a não ser negacionista”. 

Ele também disse que vai participar da campanha em 2024, visitando algumas cidades, fora do horário de trabalho na Presidência da República.

Trabalho de base

Durante a abertura da conferência, Lula lembrou vários momentos da história do PT e pediu que o partido volte a ser um pouco como era no começo, “para reconquistar credibilidade”, pedindo a retomada de um trabalho de base diretamente nas comunidades, ouvindo o povo. 

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Para o presidente, a legenda deve aprender a dialogar com os setores da sociedade que não são majoritariamente próximos do partido, citando os evangélicos. 

“Gente trabalhadora, gente de bem, gente que muitas vezes agradece à igreja por ter tirado o marido da cachaça para cuidar da família”, acrescentou, mencionando ainda o setor do agronegócio e os pequenos e médios empresários.

Fonte: EBC Política Nacional

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